Gustavo é muito mais do que um corretor (intermediador) de terrenos: é um viabilizador de importantes negócios! E todo o empreendimento imobiliário precisa de um terreno para ser viabilizado. Para atender incorporadoras de empreendimentos imobiliários, o intermediador, além de saber negociar, tem que saber qual a vocação do terreno. E isto reque pesquisa e prática!
(Fundador e Presidente da GR Properties, incorporadora de condomínios de galpões e prédios residenciais e comerciais com atuação no Estado de São Paulo).
Ser corretor é optar por ter uma profissão de risco! Brincadeira. Mas é uma atividade que exige muita presença de espírito e jogo de cintura. Então, se você não sabe dançar é melhor aprender!
Enquanto dirigia, Marcos pensava na conversa que havia tido com André, aprendiz de dançarino, quer dizer, de corretor, poucos minutos antes. Foi uma semana agitada, e a dupla resolveu sair para um happy hour. Mais para apagar o susto que passaram do que para relaxar do estresse.
Dias antes…
Marcos estava radiante. Acabara de fechar seu primeiro terreno e já tinha contatos para mais alguns!
Quando Marcos e André, corretor parceiro na época, desceram do carro logo avistaram o terreno com várias casinhas. Com uma delas, a de número 34, eles não haviam conseguido fazer contato telefônico. O jeito foi chegar de surpresa. Mal sabiam eles que a surpresa não seria para o morador.
O lugar não tinha campainha, por isso o contato foi no berro e na palma:
- Ô de casa, gritou Marcos.
A resposta foram latidos, muitos, em tom crescente, aproximando-se dos dois corretores:
- Meu Deus, quanto cachorro, disse André.
- Calma, fica tranquilo. Se você demonstrar medo eles avançam.
- Avançam?, apavorou-se André.
Marcos deu uma risadinha sem que André percebesse.
- Mas quem, em pleno século 21, não tem um telefone?, disse André.
- Aquele homem ali, respondeu Marcos prevendo problemas.
Um homem que aparentava ter por volta de sessenta anos, moreno, bem magro e com a fisionomia de poucos amigos.
O alarme detector de encrenca de Marcos começou a apitar internamente.
- Boa tarde, disse o corretor.
- Vão embora, disse o homem. Não vou atender ninguém.
- Calma, amigo! Só queremos conversar, disse André.
O homem se aproximou mais.
- Eu sei o que vocês querem, este terreno é meu, saiam!, disse mostrando o revólver que levava na cintura.
- Tudo bem, calma! Só estamos fazendo o nosso trabalho e já vamos!
A dupla de corretores precisaria continuar no local, afinal era dia de cumprir a árdua tarefa de coletar as assinaturas das famílias que moravam em uma espécie de pensão, no mesmo terreno.
- E agora, o que faremos?, perguntou André.
- Bom, agora a gente espera pra pegar as assinaturas, respondeu Marcos.
- Mas você vai desistir tão facilmente?
- Como assim desistir facilmente?" O homem tinha um revólver!, disse Marcos apontando os dedos indicador e médio em forma de arma.
André pensou, deu dois passos e parou.
Marcos que estava ao seu lado sentiu um frio na espinha só por ter que perguntar que expressão era aquela.
- Que cara é essa, André?
- Vou fazer mais uma tentativa.
- Como? O homem não vai te atender.
- Não custa tentar, disse André confiante.
- Desculpe, amigo, mas nessa você vai sozinho. Tenho uns telefonemas a fazer antes da maratona de assinaturas, nos encontraremos lá embaixo.
Marcos desceu uma longa e estreita escadaria e chegou até um pequeno bar no terreno. Logo notou que o homem armado não era o único problema daquele lugar. Ele precisaria conversar com mais de vinte famílias inquilinas de uma espécie de pensão que havia por ali. Eram pessoas muito simples e cada uma das famílias precisava assinar o comodato, ou seja, uma espécie de empréstimo - sem custos - para os antigos proprietários poderem utilizar o imóvel que estava sendo negociado. O calor era absurdo e o engravatado corretor tinha muito trabalho pela frente.
"Será que André conseguiu conversar com aquele homem?", pensou preocupado. Mas, em vez de ir atrás de notícias, preferiu sentar-se por uns minutos e matar a sede.
- Boa tarde, senhor. Tem refrigerante?
- Sodaína, disse o homem.
- E água?, perguntou André.
- Sodaína. Marcos achou divertido aquele jogo.
- Cerveja?
O homem já estava cansando de tudo aquilo. Pegou a sodaína e colocou em cima do balcão.
- Dois copos, por favor!, conformou-se Marcos.
- Você está sozinho, pra que dois copos?
- É que meu amigo está descendo. Foi falar com o morador do terreno de cima.
- Que Deus o proteja, disse o homem virando as costas.
- Posso pegar uma mesa aqui pra conversar com os inquilinos, senhor?
O homem concordou com a cabeça.
Nem cinco minutos depois de ter se sentado, Marcos escuta uma gritaria e latidos crescentes que pareciam vir para perto dele. Ao se levantar, a única coisa que conseguiu enxergar foi o vulto de André, correndo como uma flecha para escapar de meia dúzia de cães mal-humorados!
Foram uma tarde e uma noite bastante tensas. Todas as vinte famílias assinaram a papelada e, a cada assinatura, lá vinha mais um litro de Sodaína.
André, sem arranhões e recuperado do susto, jurou a si mesmo nunca mais se meter a valentão.
O dia terminou às duas da manhã, mas o enjoo - causado pelo excesso de sodaína - durou por todo o dia seguinte.
Marcos saiu de lá com uma promessa: Nunca mais na vida queria ouvir falar em sodaína.
As dificuldades sempre existem e incidentes podem acontecer! A obrigação de um bom corretor é manter a calma e a paciência em todas as situações e não desistir do negócio!
Se algo saiu do controle, pare, olhe, reveja a estratégia e retome! Um bom vendedor pratica a resiliência, capacidade de superar e de ir adiante às adversidades, todos os dias em todos os seus processos de vendas! Dance conforme a música. Mas, jamais se esqueça de usar o bom senso e sua capacidade de medir os limites.